Luís Maria Pinto de Soveral
Nível de descrição
Unidade de instalação
Código de referência
PT/MVNF/AMAS/ACP/14ª GERAÇÃO-A-E/001/0025
Tipo de título
Atribuído
Título
Luís Maria Pinto de Soveral
Datas de produção
1895-11
a
1910
Dimensão e suporte
10 doc.; papel.
História administrativa/biográfica/familiar
Luís Pinto de Soveral depois de ter feito os seus preparatórios e frequentado, como aspirante de Marinha, algumas cadeiras da Academia Politécnica do Porto, partiu para a Bélgica, onde fez com distinção o curso do ciências políticas e administrativas. Voltando a Portugal fez concurso para segundo secretário, e entrando na carreira diplomática, foi nomeado adido à legação de Madrid, conquistando logo as maiores simpatias pela sua afabilidade e fino trato, como um verdadeiro homem de corte. Foi depois nomeado, em 1877, adido à legação de Viena de Áustria, sendo promovido em concurso no ano seguinte ao lugar de segundo secretário na corte de Berlim, onde serviu com muita distinção, sendo mais duma vez encarregado de negócios, até ao mês de outubro de 1881, em que passou a Madrid como primeiro secretário. Dali foi transferido para Roma, em 1884, e em 1890 teve transferência para Londres, depois do grande conflito do ultimato de 11 de janeiro, indo substituir o então ministro naquela corte, o conselheiro Barjona de Freitas, apesar do seu cargo de 1.º secretário. Foram relevantes os serviços que prestou como encarregado de negócios, em circunstâncias tão especiais e difíceis, conseguindo pelo seu zelo, inteligência, e fino tacto diplomático, que as relações o amizade entre as duas nações se fossem desde então estreitando. Foi ele que, vencendo numerosas dificuldades, que celebrou um modus vivendo com a Inglaterra. A impressão que o trabalho de Soveral causou aos dois governos foi tal, que obteve logo, em 13 de janeiro de 1891 a nomeação de ministro de Portugal em Londres, passando a ser persona, mais que gratíssima da corte inglesa. Prosseguiu então nas negociações do tratado de 11 de junho de 1891. Conservou-se, naquela corte até 1895, sendo muito estimado e considerado. O rei Eduardo VII tratava-o com toda a intimidade; foi agraciado com a grã-cruz, da mais prestigiosa ordem de Inglaterra, e o monarca inglês punha à sua disposição o iate real para o trazer a Lisboa, como se fosse do rei da Portugal, e hospedava-o no seu próprio palácio. Em 1893 foi ministro dos Negócios Estrangeiros na presidência de Hintze Ribeiro. Nesse ano deu-se a questão da ilha da Trindade, questão melindrosa, a cuja solução muito honrosa o seu nome ficou ligado. Como se sabe, as negociações relativas a essa questão foram entabuladas entre os gabinetes de Londres, Rio de Janeiro e Lisboa, e superiormente dirigidas por Lorde Salisbury, ministro dos estrangeiros de Inglaterra, Carlos de Carvalho, ministro do Brasil, e Luís de Soveral de Portugal. Nesta questão anglo-brasileira, a forma como se houve o ministro português, foi um dos mais notáveis acontecimentos que abrilhantou a sua já brilhante carreira diplomática. Em 1898 foi nomeado par do Reino, tomando posse no respetiva câmara no dia 17 de março; em 1900 recebeu a mercê do título de marquês de Soveral. No ano de 1903, quando o rei de Inglaterra visitou Lisboa, o marquês de Soveral fez parte da comitiva real. Em 1907 foi representar Portugal, na Conferência de Paz, que se realizou em Haia. O distinto diplomata, depois da implantação da Republica em 1910, tem-se conservado em Londres, afastado completamente da política.Fonte: Portugal Dicionário Histórico.Luís Pinto de Soveral, 1º Marquês de Soveral. Nasceu em S. João da Pesqueira a 28-5-1851 e faleceu em Paris a 5-10-1922. Filho de Eduardo Pinto de Soveral, visconde de São Luís, e de Maria da Piedade Pais de Sande e Castro. Era sobrinho de Luís Augusto Pinto de Soveral, visconde de Soveral. Nascido em 1851 em São João da Pesqueira na Quinta de Cidrô, filho de uma família de proprietários durienses da nobreza regional ligada à Corte e à diplomacia, Luís Pinto de Soveral viria a ser o diplomata mais famoso de Portugal e, como tal, ainda hoje é lembrado em Inglaterra. Tendo frequentado no Porto a Academia Politécnica, matriculou-se na Escola Naval em Lisboa na Companhia dos Guardas Marinha, mas tudo leva a crer que a sua formação de marinheiro foi feita na armada britânica. Doutorou-se depois em Lovaina em Ciências Políticas, iniciando logo a seguir a carreira diplomática, tendo passado pelas legações de Berlim e Madrid, até se fixar em Londres, onde se empenhou na resolução da difícil situação das relações luso-britânicas logo após o Ultimatum, que culminaram no 2º Tratado de Windsor de 1899. Conheceu e conviveu com todos os reis e imperadores da Europa, incluindo o Papa e o Presidente da República Francesa e, como Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo português, teve um importante papel nas relações de Portugal com as potências europeias e com as respetivas colónias africanas.Nos anos oitenta fez parte de "Os Vencidos da Vida", o grupo jantante de intelectuais que acreditava que Portugal se poderia modernizar e colocar ao nível da Europa de então, do qual faziam parte Eça de Queiroz, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, entre outros, os quais consideravam o próprio Rei D. Carlos confrade suplente do grupo.A 21 de Fevereiro de 1902, sendo Conselheiro de Sua Majestade Fidelíssima, Par do Reino, Ministro e Secretário de Estado Honorário, foi designado Conselheiro de Estado (Diário do Governo, n.º 43, 23 de Fevereiro de 1901).Durante a sua estadia em Inglaterra tornou-se íntimo do Rei Eduardo VII e das mais importantes personalidades da sua corte. A Rainha Vitória condecorou-o e a Rainha Alexandra tinha por ele um enorme apreço. Dele se contam várias histórias cujas peripécias, por inusitadas, entre a ousadia e o charme, acabaram por originar o adjetivo soveralesco. Porém, na realidade, quase só se conhece a sua vida pública, pois, já depois de retirado, recusou um generoso pagamento de um jornal americano para escrever as suas memórias. Tendo-se demitido do seu cargo após a implantação da República, passou a ser uma espécie de conselheiro de D. Manuel II no exílio, partilhando com ele o seu amor à pátria e a defesa dos interesses de Portugal no mundo.Como homem do Douro, onde foi proprietário e produtor de vinhos, participou oficialmente na defesa da denominação "Porto" a nível mundial, e jamais esqueceu a sua terra natal e os seus anseios.Grande português sem dúvida, acabou os seus dias em Paris em 1922, tendo a acompanhá-lo nos últimos momentos a Rainha D. Amélia, que por ele nutria grande estima desde os anos de dedicação ao serviço do Rei D. Carlos e de Portugal como diplomata, como ministro, como conselheiro, como amigo de todas as horas. Foi sepultado como um príncipe na cripta da igreja de Saint Piérre de Chaillot e, anos depois, quando esta sofreu grandes obras, foi transladado para jazigo particular no cemitério Père Lachaise.Fonte: Wikipédia