Alfredo Guimarães
Nível de descrição
Unidade de instalação
Código de referência
PT/MVNF/AMAS/ACP/14ª GERAÇÃO-A-G/001/0283
Tipo de título
Atribuído
Título
Alfredo Guimarães
Datas de produção
1910-10-16
a
1910-10-27
Dimensão e suporte
6 doc.; papel.
História administrativa/biográfica/familiar
Alfredo Guimarães, primeiro diretor do Museu de Alberto Sampaio, nasceu na cidade de Guimarães a 7 de Setembro de 1882 e nela faleceu a 29 de Novembro de 1958.Alfredo Guimarães foi o primeiro diretor do Museu de Alberto Sampaio e aquele que mais tempo se manteve no cargo - dirigiu o Museu entre 6 de Outubro de 1931 e 7 de Setembro de 1952, ano em que completa setenta anos de idade. Mas, desde a criação do MAS, em 1928, até à sua abertura, em 1931, é já ele quem acompanha o restauro do claustro e a instalação do Museu. Esteve pois intimamente ligado a esta instituição museológica entre 1928 e 1952.Foi um notável diretor de Museu tendo conseguido reunir, preservar e divulgar, numa época de enormes carências, o espólio das igrejas e extintos mosteiros do concelho de Guimarães e mesmo aumentar esse acervo inicial com peças adquiridas em particulares e antiquários. Nenhum dos diretores que se lhe seguiu levou a cabo uma tão intensa campanha de aquisição de peças, quer em quantidade quer em qualidade. Foi uma pessoa abnegada que viveu parte da sua vida em função do Museu de Alberto Sampaio e da salvaguarda e divulgação do seu acervo.Será bom lembrar que o Museu inaugurado em 1931 se reduzia ao claustro e a algumas salas do primeiro piso da Casa do Cabido, estando muitas das peças expostas no claustro.Mas Alfredo Guimarães não se preocupou apenas com a salvaguarda e divulgação do Museu de Alberto Sampaio. Através dos livros de correspondência do Museu apercebemo-nos que este se preocupou também em dar a conhecer as peças de arte de maior valor que existiam no concelho de Guimarães e se encontravam nas mãos da Igreja ou de particulares, iniciando a sua inventariação e fotografia. Foi também ele que alertou para a necessidade de preservação do Paço dos Duques de Guimarães, do Mosteiro de Santa Marinha da Costa e do Castelo de Guimarães, monumentos que vieram a sofrer nos anos subsequentes obras de intervenção por parte do Estado Português. Foi ainda devido à sua intervenção esclarecida que se realizou em Guimarães a «II Missão Estética de Férias» (1938). Através da realização na cidade desta «Missão» Alfredo Guimarães consegue trazer à cidade pintores, escultores, arquitetos e historiadores de arte despertando deste modo o interesse nacional pela divulgação do património vimaranense.Fonte:Alfredo Guimarães foi escritor e crítico de arte, nasceu em Guimarães e foi o primeiro diretor do Museu de Alberto Sampaio (1931-1952). Não se preocupou apenas com a salvaguarda e divulgação do Museu de Alberto Sampaio, mas também em dar a conhecer as peças de arte de maior valor que existiam no concelho de Guimarães e se encontravam nas mãos da Igreja ou de particulares, iniciando a sua inventariação e fotografia. Foi também ele que alertou para a necessidade de preservação do Paço dos Duques de Guimarães, do Mosteiro de Santa Marinha da Costa e do Castelo de Guimarães, monumentos que vieram a sofrer nos anos subsequentes obras de intervenção por parte do Estado Português. Foi ainda devido à sua intervenção esclarecida que se realizou em Guimarães a «II Missão Estética de Férias» (1938). Através da realização na cidade desta «Missão» Alfredo Guimarães consegue trazer à cidade pintores, escultores, arquitetos e historiadores de arte despertando deste modo o interesse nacional pela divulgação do património vimaranense.Fonte: Arquivo Municipal Alfredo Pimenta.O negócio de antiguidades, o coleccionismo de bricabraque, estavam seguramente entre os seus afazeres. Era, em Outubro de 1910, funcionário do Ministério dos Negócios das Obras Públicas, Comércio e Indústria e vivia em Lisboa. Com razoável desafogo financeiro, casado e pai de uma filha, tem conhecimentos e amizades nos círculos políticos e literários, culturais o bastante. Neles talvez tivesse sido introduzido pelo Conde de Arnoso, Bernardo Pinheiro. A não profissão de fé republicana adivinha-se em Alfredo Guimarães. O mesmo o refere, numa destas cartas, frequentava a Havaneza, onde os janotas — os “rapazes” — usavam chapéu alto ou nem tanto, fumavam cigarrettes e produziam muita “conversa fiada”. Se não observou da sua janela os acontecimentos de 5 de Outubro de 1910, chegou a Lisboa logo de seguida. A tempo de os relatar, ainda frescos, ao Visconde de Pindela — vindo de Berlim directamente para V. N. de Famalicão — nas duas extensissimas cartas. Mas então, mais precisamente, sobre Alfredo Guimarães:Em O Espirito e a Graça de Eça de Queiroz, de Luís de Oliveira Guimarães, conta-se um episódio acontecido já na recta final de Oitocentos, quando o romancista, chegado de Paris, fez luz aos amigos, na residência do Conde de Arnoso, à Lapa, sobre alguns trechos da sua novidade A Cidade e as Serras. Presente estava «um indivíduo muito conhecido em Lisboa (...), grande amador de coisas de arte, negociando mesmo, mais ou menos ostensivamente, em bricabraque» que pediu ao anfitrião «a honra de assistir (...) e de conhecer pessoalmente Eça de Queiroz». Sobremaneira enlevado com a leitura acabada de ouvir, propôs-se oferecer ao autor «duas cadeiras D. João V», segundo o próprio «duas preciosidades». A dádiva, parece, nunca chegaria a concretizar-se. Arnoso ainda recordou ao seu convidado a aludida promessa mas este — tratando-o por Senhor Conde — saiu pelo buraco mais esconso, - justificando-se com a pequenez dessas peças ante a magnitude da obra a que fora apresentado em primeira mão. A ocorrência suscitaria, naturalmente, jocosos comentários de Eça. E o refractário é identificado como «de nome Alberto Guimarães».Alfredo Guimarães estaria então ainda em maré de se instalar socialmente nos menos acessíveis salões lisboetas. Mas quaisquer dúvidas sobre o caso se esvanecem pelo próprio Eça, em carta de 1899 (não datada) remetida de Paris para o Conde de Arnoso: «(...) as duas famosas cadeiras do Guimarães. Mas virão elas jamais, essas cadeiras? São duas realidades com palhinha e pernas? São duas hipóteses com ilusão e fumo?». A missiva está publicada na Correspondência editada pela Livros do Brasil e em nota de rodapé diz-se: «Alusão a duas cadeiras do tempo de D. João V que o coleccionador Alfredo ofereceu a Eça de Queiroz».Terá realmente oferecido? Aí está o que ora não interessa averiguar. Assente fica a inclinação de Alfredo Guimarães para as antiguidades e concomitantes mercancias.E é certo haver distinguido, em 1907, o 2º Visconde de Pindela com o préstimo de uma gravura retratando «Beresford, Conde de Trancoso», conforme o beneficiário dava notícia ao seu amigo António Feijó em carta que leva a supor ambos conhecerem perfeitamente o personagem. Já haveria, assim, mais intimidade. E, em 1910, nas aludidas missivas a Pindela, a forma de tratamento utilizada é um familiar «Vicente».Consabidamente, ante o triunfo da República — e não obstante a insistência de Bernardino Machado para ficar — o Visconde de Pindela fez as malas, fechou a Legação portuguesa em Berlim e veio para a sua Casa, onde permaneceu até à morte. Mas ao seu atento ajuizar faltava o presenciar dos factos ou um registo fiel dos mesmos. É o que o prestável Alfredo Guimarães tentará na sua correspondência ora divulgada, ainda atordoado embora, com as novidades do fim de um grande ciclo histórico.Fonte: Machado, J.A. (2021). Saídos das Choças. Boletim Cultural de V.N. Famalicão. V Série, nº 12/13 (2018/2020), p. 109-142.
Condições de acesso
Comunicável, sem restrições legais.
Condições de reprodução
A reprodução de documentos encontra-se sujeita a algumas restrições tendo em conta o tipo dos documentos, o seu estado de conservação, o fim a que se destina a reprodução.
Cota descritiva
CP
Idioma e escrita
Português