Tombo e registo dos casais da Igreja de S.Tiago de Antas

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Tombo e registo dos casais da Igreja de S.Tiago de Antas

Detalhes do registo

Nível de descrição

Unidade de instalação   Unidade de instalação

Código de referência

PT/MVNF/AMAS/CSTA/002/000001

Tipo de título

Atribuído

Título

Tombo e registo dos casais da Igreja de S.Tiago de Antas

Datas de produção

1555-09-20  a  1717-12-19 

Datas descritivas

1555, setembro, 20, Braga

Dimensão e suporte

1 livro (115 f.); papel

Âmbito e conteúdo

Manuscrito, pública-forma. Encadernado a pastas de cartão forradas a couro decorado.Este tombo dos casais e propriedades foi tirado em pública-forma do cartório ou arquivo da Sé de Braga, em 20 de setembro de 1555, sob a autoridade do Doutor Baltasar Álvares, Provisor do Arcebispo de Braga, D. Frei Baltasar Limpo, a pedido do abade de Antas Pêro Jorge da Silva. As Constituições do Arcebispado de Braga exigiam que os abades, priores e beneficiados que fizessem tombo e registo de propriedades e tirassem pública forma do mesmo autenticada no Cartório da Sé de Braga."Tombo e registro dos casais e propriedades da igreja de Samtiaguo Dantas, do Arcebispado de Braga, do termo de Barcellos, do Julgado de Vermoyn: e de sua anexa in perpetuum Sam Miguel de Gemunde, e do que pertence aos Raçoeiros da dita igreja".O Tombo afirma que S. Tiago de Antas é uma paróquia sendo o abade o Doutor Pêro Jorge da Silva, que também é vigário geral na Corte e Arcebispado de Braga. Gemunde (S. Miguel) é anexa a Antas. A Igreja de Antas tinha duas capelanias e Rações, da apresentação e colação dos abades, e os Raçoeiros" eram obrigados a dizer missa de defuntos na igreja, todos os dias da semana com exceção dos domingos, alternando todas as semanas. Sobre o direito de visitação: a abadia recebe visita do Ordinário e do Arcediago de Vermoim. Em retribuição receberá o Ordinário 2.250 reis e o Arcediago 250 reis além de 16 alqueires de pão e 16 almudes de vinho. Gemunde receberá visita do Arcediago de Vermoim, a quem dará 150 reis.Os foros e rendas estão regulamentados: usa-se a medida grande e o "Talho e marca" do alqueire do celeiro do Reverendíssimo Senhor Arcebispo de Braga.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O Tombo da Igreja de S. Tiago de Antas de 20 de Setembro de 1555Os Casais de S. Tiago de Antas e propriedades atombadas:1. Casal de Mões de Cima ("'Moins de Sima") sito na freguesia de Gavião ("Cafião") e2 - Casal de Vila Nova, da freguesia de S. Adrião ("Santa Dram"). Os dois casais andam juntos.3 - Casal da Lamela, de Outiz;4 - Casal da Bouça, de Outiz;5 - Casal de Mões do Fundo, em Gavião;6 - Casal de Nogueira, em Arnoso (S. Maria);7 - Quintã de Freitas, em Rebordões (S. Tiago);8 - Casal da Vila, na freguesia de S. Adrião;9 - Quebrada de Transfontão de Baixo, em Cabeçudos;10 - Casal dos Currais, em Antas;11 - Casal de Sequeiros, em Cabeçudos;12 - Casal do Outeiro, em Ribeirão;13 - Casal do Paço, em Bougado (S. Tiago);14 - Casal de Vilar de Além ou Além da Ponte, em Antas; 15 - Casal da Cerita, em Brufe;16 - Casal da Manuela, em Gemunde;17 - Casal de S. Tiago, em Calendário;18 - Casal do Vilar, em Calendário;19 - Herdades isoladas em Famalicão, Gemunde e Outiz;20 - Casais que trazem os raçoeiros - em Outiz, Mouquim, Louro e S. Cristovão da Maia;21 - Casais do Mosteiro;22 - Pagamento da cera e do azeite;23 - Casal da Codeceira;24 - Campos isolados, etc.A respeito do Casal de Mões de Cima ("Moins “de Sima”), que anda "mestiço” (unido) com o de Vila Nova, anote-se que Mões é a vetusta 'villa Maladonis” (nome do primitivo proprietário da unidade rural. É um genitivo latino com o significado de posse. As regras da filologia acham naturalíssima a queda do i e do d, bem como a na salação do ditongo oi ou oe).Mões representa o mais antigo núcleo populacional de Famalicão. Chama-se “Mões de Cima” por oposição a Mões de Fundo”. As confrontações são feitas pelo Levante e Abrego, pelo Poente e Aguião. Ábrego é o Sul e Aguião é o Norte.Na descrição do casal fala-se em “um cortinhal todo valado e serrado (cerrado = tapado)", no campo das "Vinhas de Moins”, na “Leira dos Bairreiros'' na “Agra da Vila” e no campo do Moinho. Chama-se a atenção para a “Agra da Vila”, em Mões.Na descrição do Casal de Vila Nova, fala-se na Agra de Brufe, em "Santardão” (terrenos de S. Adrião), nos ''marcos da cruz” (a Cruz Velha?), na "estrada que vai para Barcelos”, na Agra de Vila Nova, na Agra da Barzia (Várzea), no caminho que vai do Vinhal para Vila Nova, na vinha de Vila Nova, na agra de Samil "Seamil” e no "lugar de Vila Nova”.Não se esqueça que casal significa aqui um conjunto de herdades ou propriedades rústicas ligadas de forma que constituam uma unidade rural.Mões era pertença de Gavião, ao passo que o Casal de Vila Nova estava integrado na velha paróquia de Santo Adrião.Alude-se à “estrada que vai para Braga”, a antiga estrada romana Braga-Santarém, que atravessava o burgo famalicense e, por Antas, Cabeçudos e Lousado, passava o Ave na ponte românica de Lagoncinha.Algumas leiras estão ''divisadas” por marcos; outras confrontam por “valos” (valados). Por vezes, têm a forma de lhave (chave) i. e. fazem recanto ou cotovelo para algum dos lados.A abundância de arvoredo está documentada pelas referências a várias espécies: figueiras, ''cerdeiras” (cerejeiras) e ''outras fruiteiras”, um “pividal de castanho” (viveiro de castanheiros) que terá 15 touças (varas ou vergônteas), carvalhos e carvalhas, loureiros, etc.Por sua vez, a cultura do vinho devia ser intensa pois se fala nas vinhas de Mões, na vinha de Herdeiros do Porto, em uma leira de vinha junto da ''leira de Cima”, “na vinha de Rodrigo Annes” de Serrãos (Serrões?) e na vinha de Vila Nova. Aliás, a própria palavra Vinhal acusa a actividade vinhateira.A medida usada na agrimensura das leiras era a vara (que valia 1, 10m). Há, porém, "hûa chave que terá 17 margens”. As rendas são pagas em alqueires de pão e almudes de vinho. Mas certa leira pagará "de favas quatro boinas razas”; outra entregará dois frangos; certa vinha fornecerá 62 homens para a cavadura; uma propriedade levará 8 homens “de cava"; também se fala em um selomim (corruptela de selamim) de pão. Certas propriedades fornecerão azeite e cera para o uso litúrgico.Composição dos CasaisPara se possuir uma ideia da extensão dos casais há que atender à sua constituição bem como às rendas parcelares de cada leira ou propriedade.Assim, o Casal de Mões de Cima era constituído pelo cortinhal da Eira, por várias leiras no campo das Vinhas de Mões, pela leira dos Bairreiros, pelo cortelho do Loureiro, por outra leira e, pelo campo do Moinho. Todas estas parcelas estão descritas e devidamente confrontadas. Cada uma tem assinalada a sua renda. Assim, o cortinhal pagara um bom alqueire de pão de semeadura”. A leira das vinhas de Mões (31, 5x9 varas) levará meio alqueire. Outra leira no mesmo lugar (25x15 varas) levará também meio alqueire. Outra leira, esta de vinha, levará quatro boinas de favas e vinte e cinco almudes de bom vinho. A leira dos Bairreiros (87x13 varas) entregará cinco quartos de semeadura. O cortelho do Loureiro (52x15 varas) entregará três quartos. Uma leira na Agra da Vila (96x57 varas) levará sete alqueires de pão. Por sua vez, o campo do Moinho (76, 5x57 varas) levará seis alqueires. É assim o Casal de Mões de Cima.O Casal de Vila Nova era constituído pelas seguintes herdades: um talho grande da agra de Brufe (57x33 varas), que levará três alqueires de pão; um rescio (rossio = terreiro) parte a devesa e parte a monte; uma leira na agra de Vila Nova (75x10,5 varas), que levará um alqueire de pão; outra leira na mesma agra (42x12 varas), que levará um quarto de semeadura e dois frangos; outra leira (102x13 varas), que levará dois alqueires; a leira da Cancela (85x12 varas), que pagará alqueire e meio de semeadura; um pedaço de campo na agra da "Barzia” (Várzea) e um pedaço de devesa (102x54 varas); o campo levará três alqueires; outra leira de 80 varas de comprimento, que pagará dois alqueires e meio; um cortelho no caminho de Vinhal, que levará um quarto; a vinha de Vila Nova (58x39 varas), que fornecerá 62 homens para a cavadura; mais uma leira (36x12 varas), que levará um alqueire; o campo de Gamil (66, 5x66), que pagará seis alqueires; e ainda um pardieiro (16x5,5 varas) no lugar de Vila Nova, cujo rendeiro entregará dois frangos.Para podermos fazer ideia da extensão dos bens da Igreja de Antas nos terrenos da actual Vila, falta comentar os casais de Mões do Fundo e da Vila.O casal de Mões do Fundo aparece localizado em "Cafiam” (Gavião) e consta de: casa térrea com adega, lagar, quintal de gado e palheiro; um cortinhal que confronta a Nascente e Sul com S. Cosmado (lugar de Gavião); um prado em volta da vinha; o cortinhal das Pereiras (ligar à Casa das Pereiras); três leiras na Agra de Mões; uma na agra de Fornelo; o cortelho da Poça; dois bacelos (um deles levará de cava hum homem”); a vinha da Devesa; duas devesas; e, finalmente, um rego de água, a meias com o casal de S. Cosmado.Por sua vez o Casal da Vila está localizado na freguesia de "Santa Draa” (S. Adrião) e é constituído por: Casinha do Poço, com adega, alpendre e curral (a adega chama-se do Loureiro); a bouça do Outeiro; o bacelo do Monte; o bacelo da fonte do Orgal; várias leiras na agra da Vila; várias ramadas e campos (entre eles o da Vilpelhosa e parte do de Talvai); um pomar "no bairroco”; a vinha da Vila; a devesa da Granja. Todas as leiras estão devidamente. descritas, não esquecendo de assinalar a respectiva renda.Há, de onde a onde, apontamentos de interesse: referência a "marcos antigos”, as expressões ''caminho que vai para Villa do Conde”, "as pedras do Covelo”, "a estrada que vai da Ponte para Vª Nova”, "estrada que vem de Braga para Villa Nova”, "Quintam (Quintã) de Rial”, etc.Poder-se-ia completar este levantamento topográfico famalicense com a descrição do Casal dos Currais, em Antas (''!logo abaixo do adro da dita igreja”), formado por casa de habitação com adega, lagar, curral e palheiro, com vários campos (entre os quais o do Longo) e com a bouça da Granja. E se pretendessemos alargar o mapa e estendê-lo às regiões vizinhas, bastaria debruçarmo-nos sobre o Casal de Vilar de Além (Antas), o Casal da Cerita (Brufe), o Casal de S. Tiago (em "S. Gião de Calendairo”, no lugar de Custóias, outrora paróquia), onde se fala da Agra da Senra, da Seara de S. Miguel, etc., do Casal de Vilar, da mesma freguesia e aldeia e outros até Cabeçudos, até Requião, até Pouve. Não deixamríamos de encontrar revelações curiosas, como esta relativa à herdade do Bairro, em Requião (que pagava seis canadas de azeite): Em 24 de Abril de 1362, João Garcia doou esta herdade à Igreja de Antas por escritura em pergaminho perante António Gonçalves tabelião do Julgado de Vermoim.Os proprietários confinantesAs confrontações dos campos e herdades dão-nos também uma amostragem do meio económico e social de então, apontando-nos os proprietários vizinhos dos casais ou permitindo-nos tirar deduções sobre a sua capacidade económica.Vamos cingir-nos aos casais do actual território da Vila, como exemplificação da vantagem que em tal estudo pode haver.Mões de Cima, i. e. as herdades que aí possuía a igreja de Antas, apresenta demarcações com Herdeiros do Porto, Bastião de Barrada, Rui Mendes, João da Torre ou João Annes da Torre e Fernam Annes (da Vila).Quanto ao casal de Vila Nova, são proprietários confrontantes Herdeiros de João Martins, Filipa Lopes, Rodrigo Annes, Luís Afonso (de Vila Nova), Álvaro Dis(Dias?) da Barca, Maria André, João de Calvos, Catarina André, o já citado Rui Mendes e Cristovão de Vargas, que era meirinho. Fala-se ainda em “terrenos de Duque" (de Bragança ou Conde de Barcelos).Como participantes no instrumento da demarcação e confrontação figuram, ajuramentados aos Santos Evangelhos, Afonso Annes da Vila, como notário e, Fernão Annes, de Mões, e Gonçalo Annes (será o de "Penna Boa”- Outiz?), declarantes.Os confrontantes de Mões do Fundo são: estrada de Braga, casal de S. Cosmado, Quintã de Real, Agra de Mões, S. Adrião, João da Torre e Rui Mendes.Por sua vez, o casal da Vila tem como proprietários confinantes: Rui da Póvoa, João da Torre, terras do Duque e Herdeiros do Porto e como declarantes ajuramentados Affonso Annes, Gonçalo Annes e Bastião Alvares.Quanto ao Casal dos Currais, na sua escrituração foram seguidas as declarações dos ''homens bons” João Annes e João Gonçalves.”In: Salgado, Benjamim (1976). O Tombo da Igreja de S. Tiago de Antas de 20 de Setembro de 1555. Riba de Ave: Gabinete do Vale do Rio Ave.

Assunto

Cota descritiva

CSTA 58 - cx. 16depósito 3, estante 6 e 7

Cota antiga

STA 12

Idioma e escrita

Português

Características físicas e requisitos técnicos

Em mau estado de conservação.

Instrumentos de pesquisa

ODA