Minuta datilografada da exposição da Direcção da AHBVF ao Presidente do Conselho Oliveira Salazar sobre a dissolução das direcções das duas associações de bombeiros por motivo do desastre de Moço Morto

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Minuta datilografada da exposição da Direcção da AHBVF ao Presidente do Conselho Oliveira Salazar sobre a dissolução das direcções das duas associações de bombeiros por motivo do desastre de Moço Morto

Detalhes do registo

Nível de descrição

Documento simples   Documento simples

Código de referência

PT/MVNF/AMAS/AHBVF/C/0009/000003

Tipo de título

Atribuído

Título

Minuta datilografada da exposição da Direcção da AHBVF ao Presidente do Conselho Oliveira Salazar sobre a dissolução das direcções das duas associações de bombeiros por motivo do desastre de Moço Morto

Datas de produção

1937-10  a  1937-10 

Dimensão e suporte

8 páginas (28 x 22 cm); papel

Âmbito e conteúdo

Transcrição:«Excelência: A Associação dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Famalicão, apela para o douto e sábio critério de V. Ex.ª da decisão do Ex.mo Governador Civil de Braga que dissolveu as direções das 2 Associações de Bombeiros e pretende a criação de uma única Associação que, extintas por fim aquelas, as substitua. / Torna-se necessário, para elucidação de V. Ex.ª, um sucinto relatório sobre a questão dos Bombeiros em Famalicão. / Com vénia respeitosa, comecemos pois: A)A Velha Associação: Em Maio de 1890 - há 48 anos! - fundou-se nesta Vila a nossa Associação - Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Famalicão. / Tão alto subiu a fama dos beneméritos serviços prestados pelos bombeiros da nossa Associação, que o Grande e Saudoso Rei D. Carlos I, oito anos decorridos desde a fundação, lhe concedeu o título de Real, por proposta do Governo a que presidia Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro. / Continuou a nossa Associação a prestar os seus amplos, eficientes, desinteressados e abnegados serviços à Humanidade. / E é então o Chefe do Estado, essa eminente figura de português que é S. Ex.ª o General Carmona, que em 28 de fevereiro de 1928, assina um Decreto que é o orgulho nosso, em que por se ter esta Associação salientado por atos que merecem uma especial distinção, a considera de Utilidade Pública. / Mais adiante, em 5 de outubro de 1935, o mesmo Chefe do Estado assina um Decreto que lhe apresentou o Governo de Salazar, concedendo à benemérita Associação dos Bombeiros Voluntários de Famalicão, a honra, a máxima distinção, de ser admitida na mui nobre Ordem Militar de Cristo, com o grau de Oficial. […]E sempre a Associação prestou o seu concurso às festas nacionais, às receções do Chefe do Estado, do Chefe do Governo, ou Ministros, e não fugimos à tentação de lembrar um facto, que muitos dirão ser sem importância: foi numa das suas salas que em 28 de maio se realizou uma reunião entre Oficiais da Revolução Nacional e o Chefe da Coluna Governamental que para Braga seguia a atacar Gomes da Costa. E essa reunião decidiu da sorte ou da atitude da Coluna Governamental, que aderiu ao Movimento Nacionalista. / E ainda não fugimos a recordar que foram os nossos bombeiros quem acorreu á Ponte Pênsil de Ribeirão, a extinguir o fogo que os revolucionários lhe haviam criminosamente pegado, para evitarem a passagem da coluna que constituída pelas forças de Braga, Viana e Santo Tirso, seguia para o Porto a fim de combater os reviralhistas de 7 de fevereiro. […]B)A Associação Nova: Há dez anos, por motivo provado e que vinha sendo já notado, foram expulsos da Corporação dos Bombeiros de Famalicão, alguns elementos indisciplinados. / Encontraram esses elementos algumas pessoas de espírito irrequieto, desta Vila, que os apoiaram, lhes deram força e os animaram para a organização de uma nova Associação, que denominaram dos Bombeiros Voluntários Famalicenses. […]Começaram logo que tiveram carro automóvel, por criar rivalidades e emulações, com a colocação de uma bandeirinha no seu carro pronto-socorro, sempre que este chegava ou se fazia chegado em 1.º lugar, ao local do sinistro. E tão longe foi a mania desses orientadores, criando esse espírito de retaliação e de luta entre irmãos da mesma causa, que bastará contar um só entre tantos casos criminosos: seguia, em marcha acelerada para um incêndio, o carro dos Bombeiros Famalicenses. De repente apanhou um homem, que caiu no para-choque e se agarrou para se salvar. O motorista e os bombeiros da equipa gritaram-lhe que se agarrasse bem, e continuaram na desfilada até um caminho estreito onde pararam por já não ser possível a ultrapassagem pelo carro dos nossos bombeiros. Só então tiraram o homem da sua crítica e horrível posição. O pobre homem, tempos depois, morria… […]Dissolução: Em certo dia de setembro, à noite, os bombeiros foram chamados para um grande incêndio. À frente seguiam os famalicenses, que não deram passagem, insistentemente pedida, pela mão, ao nosso carro. Este, para evitar um choque, ultrapassou pela direita. / Houve um desastre, e queremos fugir a dizer como ele se teria dado. Morreram 2 mulheres e 3 crianças e feriram-se alguns bombeiros, além de perdas materiais, enormes, no nosso carro. / No dia seguinte o Sr. Governador Civil vem a esta vila e manifesta o desejo da dissolução das direções das 2 Associações, com a nomeação de uma Comissão Administrativa que tomasse conta de ambas, e ficasse com o encargo de em 20 dias apresentar os estatutos de uma única Associação, que substituísse as 2, que seriam extintas. […]

Condições de acesso

Comunicável, sem restrições legais.

Cota descritiva

AHBVF 181 - cx. 46depósito 3, estante 11

Idioma e escrita

Português

Características físicas e requisitos técnicos

Em regular estado de conservação.

Instrumentos de pesquisa

ODA